terça-feira, 24 de junho de 2025

PARA SEMPRE NA LEMBRANÇA (RELEMBRANÇAS - 21 ANOS DEPOIS)

24 de junho de 2025. Completaram-se 21 anos da morte de meu pai (2001). Foi em seu velório, em meio à dor que eu sentia, que fiquei sabendo da morte de outro baiano ilustre, na mesma data. Este um conhecido cidadão do mundo: Milton Santos. Com esse artigo homenageio Milton Santos, por sua dimensão histórica-geográfica mundial, e por extensão, meu pai, cujo papel político se restringiu ao seu Estado e a sua sempre querida cidade natal, Alagoinhas, onde foi vereador por quatro mandatos(**).


Meu pai, Romualdo, com minha
mãe, Maura. Foto de 1991
Meu pai faleceu no mesmo dia que Milton Santos. Romualdo Pessoa Campos, também baiano, vereador por 16 anos pelo PTB, na cidade de Alagoinhas, e por várias vezes secretário  da mesa diretora do legislativo daquela cidade, até ser preso em 1964 e ter desistido da política, tornando-se funcionário público do DNER até se aposentar. A altivez e o orgulho pelo seu trabalho alimentavam uma esperança de que o nosso país desse certo pelo esforço de cada um, como ele fazia.
24 de junho, dia de São João, tão lembrado pelos nordestinos. Um dia para ficar para sempre guardado na minha memória.
Um, cidadão do lugar, incorporado na força dos lentos, baiano do interior, embora quase anônimo me alimentou o orgulho de ser seu homônimo. O outro, também baiano, cidadão do mundo (embora ele não gostasse dessa expressão), esgrimindo na força de seus argumentos, de suas criações e elaborações intelectuais a esperança de um outro mundo, de uma outra globalização. E a morte, a igualá-los na eternidade do meu pensamento, na afinidade dos meus sonhos, na consolidação das minhas crenças, e na afirmação das certezas de que embora curta a nossa vida nessa imensidão de tempo que gesta e desenvolve a humanidade, vale a pena lutar, mesmo sendo ela, a morte, a única certeza do porvir. Mas ela não deve nos desanimar, e sim nos reconfortar, na medida em que escapemos da nossa individualidade e possamos transferir nossos sentimentos humanistas para a construção de uma utopia, sem a qual a nossa existência não teria sentido.

MILTON SANTOS: DA BAHIA PARA O MUNDO
CIDADÃO DO MUNDO
Conheci Milton Santos, em 1996 no Simpósio realizado na USP em sua homenagem: “O mundo do cidadão - cidadão do mundo”. Tempo suficiente para aprender a respeitá-lo e admirá-lo, e a me tornar leitor ardoroso de seus textos e livros.
Também baiano, como ele, formado em História, com pós-graduação nessa mesma área, entrei na Universidade Federal de Goiás em um concurso realizado no curso de Geografia, em 1995 para ministrar aulas de Formação Econômica e Social, também dentro da minha área de formação. Ao final do primeiro ano eu tinha uma firme convicção da importância dessa disciplina, por ser ela fundamental para o entendimento da relação tempo-espaço. Afinal, nada se dá fora do tempo, nem ocorre no vazio, senão num determinado espaço. Além da fundamental compreensão de que nada acontece isoladamente, somente este ou aquele fato podendo ser explicado dentro de um processo que aponte as causas e nos dê a dimensão de um presente que nada mais é do que a somatória de tempos passados. A junção e conjunção de espaços que se transformam num acumulo incessante de novos objetos, gerados por outros, que, outrora novos, foram envelhecidos pelo tempo.
Milton Santos passou a ser um referencial para um redirecionamento das minhas dimensões intelectuais. Primeiro, por uma iniciativa própria, senti a necessidade de buscar nas leituras da Geografia a condição necessária para me dar a compreensão de que eu estava ali para ajudar na formação de Geógrafos. Nada mais justo, e coerente, que procurasse aliar os meus conhecimentos historiográficos, à noção e dimensão do pensar geográfico. Senão me perderia num emaranhado de conceitos e categorias, vendo-os de maneira formal, como se vê habitualmente no senso comum, e banalizando a importância do conhecimento geográfico para o entendimento das relações humanas. É preciso bem mais do que uma mera análise da superfície terrestre; dos cursos dos rios; dos afluentes das margens esquerdas e das margens direitas; da localização cartográfica; das capitais e de seus estados; dos tipos de solo e da qualidade da água. Questões importantíssimas para entender o todo que abrange o nosso planeta, mas insuficientes se desconsiderarmos o principal elemento de ligação: o ser humano, razão primeira e última da existência de todo conhecimento, pois é por ele que todo o saber é gerado.
GEOGRAFANDO O HUMANO
O viés humano da Geografia transportava-a, do sentido estrategicamente imposto por séculos, desde os seus primórdios, que visava facilitar (e guardar) a localização de fronteiras dos nascentes Estados absolutistas, ou desde já o desenvolvimento cartográfico para tal fim, objetivando encontrar mercadorias e mercados, para uma visão mais ampla e racional, no entendimento de que era preciso inseri-la como uma ciência humana.
O lugar, o território, o espaço, a paisagem, as cidades, o urbano e o rural; a cultura, as tradições, enfim a busca de conhecimentos não mecanicamente estabelecidos, mas numa interação dialética que aponta claramente as relações entre o planeta e a sociedade, visualizando as “heranças sociais materiais e o presente social”[1]. Sem se limitar, contudo, à simples constatação de uma determinada realidade, mas procurando soluções que dêem conta de resolver os problemas da imensa maioria da população.
A Geografia mudou, num percurso oposto àquele tomado pela História. Enquanto aquela buscava abranger o todo numa abordagem dialética, encontrando no marxismo os elementos basilares para o entendimento da racionalidade e das contradições que moviam as sociedades humanas, o conhecimento histórico tomava outro rumo, caracterizando-se pela fragmentação. A História fragmentara-se e aprofundara-se no localismo, no cotidiano e nas mentalidades, e à medida que aprofundava-se em suas especificidades, afastava-se do presente e da noção de totalidade, mesmo procurando evitar os riscos do anacronismo.
Apesar de Braudel, que soube trabalhar brilhantemente as noções de espaço e espacialidade, e via tempo-espaço como inseparável, o enfoque dialético que ligará os restos do passado à inexorabilidade das explicações do presente, transfere-se para a Geografia, aproximando-a cada vez mais da sociologia, da filosofia, da economia e da própria história.
E ninguém melhor do que Milton Santos soube compreender o momento da Geografia, direcionando seus olhares para o fazer, na maneira como o homem no presente constrói o seu futuro sobre os restos do passado. Vendo nas técnicas, e em seus usos, as respostas para o entendimento das complexas relações sociais, como “um dado fundamental da explicação histórica, já que a técnica invadiu todos os aspectos da vida humana, em todos os lugares”.[2] Mas, mesmo com tais considerações, ele via a vida “não como um produto da técnica, mas da política, a ação que dá sentido à materialidade”[3]
Surpreendentemente, se considerarmos os direcionamentos dos fatos históricos das duas últimas décadas do Século XX, a produção intelectual do professor Milton Santos avançou na contramão de idéias hegemônicas que procuravam colocar-se como esclarecedoras e definidoras de um fatalismo, que nos impunha a crença em um fim do qual não poderíamos escapar. A “globalização” colocava-se como inevitável, e a sociedade futura como um deslumbramento da vitória do “livre-mercado” sobre o “leviatã”, inoperante máquina do Estado a entravar o progresso. Não somente o neoliberalismo despontava como o ápice das liberdades, como o pós-modernismo surgia para por fim à uma época que se caracterizou pela consolidação dos Estados-Nações e que alcançou seu auge, e também os limites de suas contradições, com o Welfare-State. A crise do socialismo dava um ar de déjà-vu, de estancamento de uma utopia cujo “fracasso” só confirmava a convicção de ser o capitalismo e a economia de livre-mercado o futuro incontestável da humanidade.
Não foi essa a análise que fez Milton Santos em 1993, momento máximo da euforia neoliberal, no 3° Simpósio Nacional de Geografia Urbana, realizada no Rio de Janeiro, quando apontava as principais tendências dos anos 90:
“Na hora atual, e para a maior parte da humanidade a globalização é sobretudo fábula e perversidade: fábula porque os gigantescos recursos de uma informação globalizada são utilizados mais para confundir do que para esclarecer: a transferência não passa de uma promessa. (...) Perversidade, porque as formas concretas dominantes de realização da globalidade são o vício, a violência, o empobrecimento material, cultural e moral, possibilitados pelo discurso e pela prática da competitividade em todos os níveis. O que se tem buscado não é a união, mas antes a unificação”.[4]
Contudo, apesar da acidez das suas críticas quanto ao processo da globalização, da destruição de valores e do encolhimento do indivíduo à superficialidade de suas relações, gerado pelo enorme poder da massificação midiática, Milton Santos apontava na contradição de ser este mundo três em um só, o elemento motivador da crença de que a globalização não passa de uma percepção enganosa onde se impõe a informação, alicerçada na produção de imagens e do imaginário. “O primeiro é o mundo tal como nos fazem vê-lo: a globalização como fábula; o segundo seria o mundo tal como ele é: a globalização como perversidade; e o terceiro, o mundo como ele pode ser: uma outra globalização”[5].
Assim, direcionou seus últimos escritos na contraposição do discurso hegemônico, caracterizado como “Consenso de Washington”, e se tornou uma das vozes mais importantes na abordagem do processo que atravessa a humanidade nas últimas duas décadas do século passado. “Ao contrário do que se disse antes, a história não acabou; ela apenas começa. Antes o que havia era uma história de lugares, regiões, países. (...) O que até então se chamava de história universal era a visão pretensiosa de um país ou continente sobre os outros, considerados bárbaros ou irrelevantes”.[6]
Acreditando na força do pobre e do lugar, Milton Santos enfatizava, utilizando-se de uma expressão da professora Maria Adélia de Souza, que “todos os lugares são virtualmente mundiais”,[7] o próprio sentido da globalidade corresponderia a uma maior individualidade, e nessa relação unicidade-totalidade acreditava que tornava-se necessário encontrar os novos significados do mundo atual redescobrindo o lugar.
Aos pobres ele concedia a primazia de situar-se num ponto de intersecção com o futuro. Acreditava que o distanciamento ao totalitarismo da racionalidade transformava as imagens do conforto, da modernidade tecnológica, em miragens para aqueles que por não estarem inseridos nessa aceleração contemporânea, nesse mundo da profusão de sempre novos objetos, eram por ele caracterizados como “homens lentos”. E por assim ser, por escaparem dessa ventura vedada aos ricos e às classes médias, é que os pobres podem esquadrinhar as cidades e ver na diversidade a necessidade de transformação.
FILOSÓFO DA GEOGRAFIA
“Trata-se, para eles, da busca do futuro sonhado com carência a satisfazer -carência de todos os tipos de consumo, consumo material e imaterial, também carência do consumo político, carência de participação e de cidadania. Esse futuro é imaginado ou entrevisto na abundância do outro e entrevisto, como contrapartida, nas possibilidades apresentadas pelo Mundo e percebidas no lugar”.[8]
Como afirmou o geógrafo e ex-presidente da SBPC, Aziz  Ab’Saber, Milton Santos foi um filósofo da Geografia. Procurou incorporar a crítica aos seus estudos geográficos num crescente resgate da concepção humanista, fundamentada na dialética marxista e no existencialismo sartriano. E assim, ele se impôs perante a Geografia mundial, e no Brasil se tornou um dos mais citados intelectuais das três últimas décadas. Para confirmar a exceção, numa regra caracterizada pela formação cultural dominada por uma elite branca e “estrangeirizada”, a sua cor negra não foi barreira para que se consolidasse como uma das vozes altissonantes da universidade brasileira, e de nossa cultura de uma maneira geral. Autoridade que lhe permitia, inclusive, cobrar coerência de seus colegas de Academia, e a ser duro nas críticas à apatia em que vivia a universidade.
No seu último escrito, um artigo publicado pelo jornal Correio Braziliense, afirma que “por definição, vida intelectual e recusa a assumir idéias não combinam. Esse, aliás, é um traço distintivo entre os verdadeiros intelectuais e aqueles letrados que não precisam, não podem ou não querem mostrar, à luz do dia, o que pensam. (...) A apatia ainda está presente na maior parte do corpo professoral e estudantil, o que é sinal nada animador do estado de saúde cívico dessa camada social cuja primeira obrigação é constituir, como porta-voz, a vanguarda de uma atitude de inconformismo com os rumos atuais da vida pública”[9].
***
Quando escrevi esse artigo minha filha ainda estava viva. Em 2007 ela também se foi, para ficar para sempre na memória. Certamente a palavra que usei no parágrafo anterior – reconfortar - passou a ter um peso maior com a morte dela. Sigo tentando, mas é muito difícil, afinal, embora seja mais fácil nos conformarmos com a morte de nossos pais, pela ordem natural quando chegada a velhice - assim imaginamos – é diferente quando perdemos um filho ou uma filha. Mas, sim, a morte não pode desanimar aqueles que ainda não sucumbiram a ela e que carregam consigo a utopia de um outro mundo, mais justo e solidário. Apesar das evidências apontarem para o contrário, no coração da maioria prevalece esse sentimento que embalou a vida dos que aqui homenageamos. Inclusive minha filha, que como canta Gonzaguinha, carregava essa certeza na pureza de ser criança. A vida, ela segue, a não ser para aqueles que já passaram por ela e nos esperam em algum lugar. Quem sabe...

(*) Este artigo foi escrito no mês de junho de 2001, duas semanas após a morte de meu pai e de Milton Santos, um ano de perdas pessoais e de abalos geopolíticos mundiais com o ataque terrorista ao World Trade Center. Foi publicado nesse mesmo ano no Jornal Opção, de Goiânia, no Jornal A Tarde, de Salvador em um suplemento cultural especial sobre Milton Santos. Depois inseri o texto, com alguns reparos no Boletim Goiano de Geografia, Vol. 21, n. 1. Em 2010 postei um resumo dele neste Blog. Publico mais uma vez, na íntegra para lembrar, os 18 anos da morte desses dois baianos que de maneiras diferentes foram personagens importantes em minha vida. Um me fez gente como sou, o outro me aproximou da Geografia para sempre. 
(**) 24 de junho de 2019. Volto a publicar este artigo, dezoito anos depois da morte de meu pai, e de Milton Santos. O que está dito  aí não pode ser apagado. Eu relembrarei sempre nesta data.

[1] Santos, Milton. Território e Sociedade. São Paulo: Ed. Fund. Perseu Abramo, 2000. Pág. 26
[2] Santos, Milton. Técnica, espaço, tempo. São Paulo: Ed. Hucitec, 1994. Pág. 67
[3] Idem, Pág. 39
[4] Idem, Pág. 56
[5] Santos, Milton. Por uma outra globalização. São Paulo: Record, 2000. Pág. 18
[6] Idem, Pág. 172
[7] Santos, Milton. A natureza do espaço. São Paulo: Hucitec, 1996. Pág. 252
[8] Idem, Pág. 261
[9] Correio Braziliense, 03 de junho de 2001
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sexta-feira, 2 de maio de 2025

PRA FRENTE É QUE SE ANDA! A FORÇA DE UM SINDICATO DE DOCENTES DA UFG – UFJ - UFCAT

Retorno às minhas publicações neste meu blog, bem como no meu canal no YouTube, depois de algum tempo de inatividade por questões pessoais que abordarei em outra oportunidade.

Aqui o que desejo é apresentar alguns argumentos, ou contra-argumentos, às insídias, postas por quem deseja criar narrativas que visam desconstruir todo o trabalho que temos desenvolvido no Adufg-Sindicato, mesmo sendo este considerado um dos mais ativos e de melhor estrutura em todo o país, quando se fala de entidades ligadas às universidades.

Evidente que eleição trás sempre, por oposição, posturas que visam desqualificar, desconstruir, ou até mesmo negar tudo que esteja sendo feito. O objetivo, naturalmente, é ganhar o controle do sindicato. Tudo bem que isso seja da própria natureza do nosso movimento. Mas, infelizmente, a maneira como se conduz uma campanha eleitoral, seja em qualquer dimensão, em nossa sociedade, tem sido nos últimos anos, talvez nesta última década, da utilização de mentiras, ou como se convencionou chamar “fakenews”.

A universidade não é um universo paralelo. Ela é parte de nossa sociedade, e tal qual esta reproduz sentimentos, qualidades, defeitos e ressentimentos. Situações complexas, relacionadas ao nosso trabalho, ou a estrutura da universidade que nos contrarie, ou até mesmo as decisões políticas de governos que nos atinge profissionalmente, muitas vezes são usadas em discurso para atacar uma direção sindical, independente da ação e atuação combativa que ela tenha. Nega-se todo o envolvimento e participação efetiva, em muitos casos como protagonista, que nosso sindicato teve, ao longo desta gestão e de outras anteriores. E a repetição de tais narrativas visa, obviamente, desqualificar quem esteja no comando.

Ocorre que nosso tempo, desde o começo da segunda década deste século tem sido marcada por um comportamento que se denomina “pós-verdade”, ou a maneira como as pessoas desejam acreditar em uma narrativa, não importando se a mesma é real ou verdadeira. Mas sendo aquilo que a pessoa deseja ouvir, isso lhe basta. Não buscando outra interpretação, ou até mesmo justificativa factual para aquilo que está sendo deformado nessa narrativa. Por isso precisamos esclarecer muita coisa.

Sabemos o quanto nosso trabalho se tornou angustiante e tenso desde a pandemia da Covid. E o quanto governos anteriores nos assacaram e nos transformaram, enquanto categoria, e à universidade, naquilo que foi convencionado, pelos detratores, de “guerra cultural”. Para além disso o próprio comportamento das pessoas na sociedade foi capturado por esse mecanismo gerador de confusões, buscando na insatisfação pessoal, muitas vezes geradas pelos próprios responsáveis por narrativas absurdas. O ressentimento, a insatisfação pessoal com o seu próprio desempenho, as situações geradas por endividamentos decorrentes da perda de capacidade de consumo (isso pelo período de dois governos, seis anos, que não tivemos reajustes), e outros sentimentos que se espalham pela sociedade, e também na universidade, deixaram um caminho fértil para que as distorções da realidade, e as mentiras transformadas como armas políticas, atingisse algum objetivo.

Nós, da diretoria do Adufg-Sindicato, sempre estamos aqui, dispostos a esclarecer quaisquer dúvidas relativas à nossa gestão, ao nosso trabalho sério, e a honestidade com que lidamos com os recursos arrecadados pelo sindicato. Naturalmente, temos um escritório de contabilidade que cuida de nossas contas. Mas temos também, sob contrato, uma empresa que faz auditoria independente em nossas contas. E para não deixar nenhuma dúvida sobre como lidamos com nossos recursos, temos no conselho fiscal uma representante da oposição, que participa nessas eleições como componente de uma chapa nessa condição.

Durante esses três anos, dessa nossa gestão, nos desdobramos, em meio às dificuldades de mobilização, para estar presente nos atos, audiências públicas, reuniões no parlamento federal, no Ministério da Educação e no Ministério de Gestão, Inovação e Serviço Público, a fim de lutarmos por nossas demandas. Além de inúmeras reuniões com a Reitoria. Nossos registros dessas presenças estão publicados no nosso jornal e em nosso portal.

A ampliação do espaço do sindicato, questionado pela oposição, que pouco usufrui do mesmo, atendeu à necessidade de uma demanda sempre visível para nós, e que nos cabia atender àquilo que os associados desejavam. Jamais procedemos a qualquer modificação e ampliação em nossa estrutura, sem que isso não se devesse a demandas e cobranças feitas pelos sindicalizados. Sempre preferimos investir nossos recursos em patrimônios que atendessem à categoria, muito embora, pela gestão responsável, jamais deixamos de disponibilizar recursos suficientes para a luta política, e até mesmo para garantir às unidades e laboratórios, apoios com recurso financeiro, solicitados por associados, por várias vezes, numa situação em que a universidade se via impossibilitada de apoiar essas atividades.

Por fim, o que tem marcado como uma força proativa do nosso sindicato é o fato de contarmos com uma base de apoio múltipla em sua composição. Nunca buscamos constituir diretorias cujos membros sejam afinados somente com uma visão política de mundo. A diversidade, seja de gênero, etnia ou ideológica, sempre foi marcante na constituição das últimas diretorias do Adufg-Sindicato. Isso garante nossa representatividade, organização, seriedade e a força necessária para conduzirmos nossas lutas e lidarmos de forma responsável com o patrimônio que é do nosso sindicato representativo das Universidades Federais, de Goiás, Jataí e Catalão. Essa é uma diferença importante, dentre outros pontos relevantes, na comparação com a oposição. Não somos uma “seção sindical”, de um sindicato nacional, que abrange universidades estaduais, privadas e municipais. O patrimônio do Adufg-Sindicato é dos professores e professoras sindicalizadas dessas universidades. E sempre foi com esse espírito que expandimos nossos espaços, seja administrativo ou de entretenimento: para servir aos nossos associados e associadas. Isso pertence a todos e todas que buscam se sindicalizarem e nos ajudam a conduzir esse patrimônio e essas lutas.

Somos coerentes com o que apresentamos em nossos programas e planejamos executar, de forma transparente e combativa. Por isso, é mais do que justo, que sigamos fortalecendo o Adufg-Sindicato e prossigamos atendendo à professores e professoras, que nos procuram e sabem que terão retorno em suas demandas.

O ADUFG-SINDICATO é, atualmente, uma das maiores forças sindicais no âmbito das Universidades Federais. Sigamos, aprendendo sempre com as críticas, e com possíveis erros, mas avançando, sempre. Pra frente é que se anda!

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

O MUNDO, E NÓS, SEM VOCÊ: DEZESSETE ANOS DEPOIS QUE VOCÊ PARTIU

Querida Carol, minha amada filha, em dezembro de 2010 lhe escrevi uma carta[i]. Completavam-se somente 03 anos que você havia partido. Nesta carta, em que eu imaginava que de alguma forma pudesse ser lida por quem já não mais estava entre nós, ilusoriamente, era também endereçada principalmente aos amigas e amigas que lhes conheceram, e com os quais convivemos nos momentos mais tristes e tensos de minha vida. Também naquele momento eu imaginava como estaria sendo a vida com você ainda presente entre nós. Era uma ilusão. Uma linda fantasia construída por quem estava com o coração estraçalhado, partido. Repito aqui essa iniciativa, agora 17 anos depois que sua vida deixou de existir. Embora ateu, imagino você em alguma dimensão, a nos observar e acompanhar nossas vidas. Nesse momento de dor e saudades, e de um amor intenso e interminável, a materialidade do mundo é o que menos me importa. Alimento a possibilidade, por mais inimaginável que pareça, de haver uma outra dimensão, onde as pessoas boas, principalmente quem deixou a vida tão cedo, possa de alguma maneira completar o seu ciclo de vida. Como dizia o velho revolucionário Vladimir Lênin: “Sonhos, acredite neles. Com a condição de realizar escrupulosamente a sua fantasia”.

O que me move nessa segunda carta que lhe escrevo é o que sempre me acompanhou durante todos esses anos. Tentar ver sua presença em uma realidade de drásticas e bruscas mudanças. O mundo, e não somente o lugar onde vivemos, sente uma transformação radical, mais acelerada do que em outras épocas. Vivemos um tempo em que a aceleração é a marca principal, porque estamos sendo movidos cada vez mais por tecnologias que se superam muito rapidamente. A fluidez do tempo faz com que os acontecimentos se sobreponham muito rapidamente à realidade do tempo que já passou (o que leva muito rapidamente ao esquecimento dos fatos), com os elementos que já se constituem naquilo que compreendemos como futuro. Embora eu insista, conforme já escrevi em crônicas dedicadas a você, minha filha, que o futuro é uma ilusão, não existe. É algo a ser construído da junção do passado com o presente. A noção de futuro, para mim, desapareceu com sua morte. Por isso sigo focado no presente, sem esquecer o passado. Razão pela qual passei a adotar o lema do poeta da antiguidade, Horácio (65 - 8 AC): Carpe diem quam minimum credula postero (Aproveite o dia, confia o mínimo no amanhã).

Não é somente a aceleração contemporânea a marca desse novo tempo. Mas também algo que tem sido crônico com o transcorrer da humanidade: a ganância. Isso que é o motor que move a sociedade capitalista, cega aqueles que acumulam riquezas e os fazem pessoas frias, incapazes de compreender que um mundo de crescentes desigualdades caminha celeremente em direção a um abismo. Muito embora as portas das igrejas estejam cada vez mais abertas a receber pessoas frustradas, ressentidas, revoltadas, sem ter a noção crítica de a quem dirigir suas frustrações, e por isso tornam-se presas fáceis nas mãos de oportunistas que se miram pela ganância, alimentam o ódio e transformam o mundo em um hospício descampado.

Minha filha, os dez anos de sua vida foram de uma crescente esperança em nosso país, embora de trágicas mudanças no mundo. Logo na virada do século, aos seus quatro anos de vida, um fato de grande dimensão sacudiu o mundo. O ataque ao coração do império. O país até então de uma hegemonia inquestionável, algo que mudou nos últimos anos, foi atacado em seus pontos estratégicos, da segurança, do poder político e do poder econômico: o Pentágono, a Casa Branca (neste a tentativa foi frustrada) e o World Trade Center.

Quando você completou dez anos, e foi levada a morte por uma doença perversa, um tipo leucemia rara em crianças de sua idade, nosso país passava por momentos econômicos positivos, embora na política, como sempre, a disputa do poder e a forma como a grande mídia nos tempos modernos construiu as bases para a destruição da política, criou um ambiente tenso, mas que foi parcialmente superado. Só que nos últimos dez anos isso se tornou rotina, a desestabilizar os governos de esquerda e criar ambientes propícios para a chegada de aventureiros, oportunistas e golpistas. O ressentimento, alimentado pela grande mídia, abriu caminho para a destruição da política e a ascensão de indivíduos perversos e de má índole, num ambiente político onde essas peças já se faziam presentes, embora não empoderadas.

Parece minha filha, que o turbilhão que afetou minha vida, nossas vidas, com a sua partida, se disseminou pelo nosso país, e pelo mundo. A loucura e o banditismo, e até mesmo a corrupção e as maldades nas decisões políticas, tomaram conta não somente do Brasil, mas também de outras partes do mundo. Se institucionalizaram e foram normalizadas, pelas crenças fundamentalistas que se infiltraram, como vírus, nas mentes de boa parte da população. Os gestos com os dedos, de armas, a simbolizar a eliminação dos adversários, passou a fazer parte de uma coreografia macabra, sendo executada até mesmo dentro de algumas igrejas. A violência, a perversidade, a brutalidade, principalmente contra as mulheres e contra as pessoas pobres e pretas, se disseminaram espantosamente. A política se tornou um ambiente de ódio, chacotas e esculhambação. A ironia passou a substituir os debates políticos e a destruição de reputação se tornou uma norma, onde a mentira, agora chamada de fakenews, constitui-se numa prática que tem deixado a sociedade numa polarização perigosa, a afetar até mesmo as famílias.

Em meio a tudo isso minha filha, parece haver uma programação definitiva para a deflagração de uma terceira guerra mundial. Sim, mundial, porque guerras é o que não falta nesse mundo, espalhadas por praticamente todos os continentes. O mundo se arma não tanto silenciosamente como em épocas passadas, como por exemplo no entreguerras, década de 1930, chamada pelo historiador Eric Hobsbawm de período da paz armada. Mas a apologia às armas e ao armamento não diz respeito somente às nações que se preparam para a guerra. Internamente, em nosso país, numa nova cultura de perversão tem também se disseminado e amplificado a violência. A liberdade de acesso às armas, e até mesmo a negação do impacto disso sobre a violência que afeta a sociedade, patrocinada por uma base parlamentar bancada pelo segmento bélico, se tornou um culto. Caçadores (em um país onde a caça é proibida) e “colecionadores de armas”, montam arsenais particulares e transformam-se também em mercados paralelos para municiarem traficantes e milicianos. Com isso, as grandes cidades tornaram-se cada vez mais campo de guerras, onde até mesmo trincheiras são montadas em territórios urbanos dominadas por esses setores criminosos. Disfarçadamente, no entanto, é no ambiente político parlamentar que essa força cresce, ampliando o número de pessoas que possuem sob seus controles um verdadeiro aparato bélico, permitido por leis criadas no parlamento brasileiro.

Estou me estendendo nesta carta, minha filha, mas é que o mundo capotou nessas quase duas décadas, desde quando convivíamos com sua doce presença entre nós. E voltando aos tempos em que você era criança, do fatídico ataque aos EUA, seguindo de intensas guerras, não houve hiatos que possamos dizer que tempos melhores nos animavam. Logo veio uma grave crise econômica em 2008, que por pouco não se tornou uma grande depressão, mas que afetou economicamente todo o mundo. E suas consequências transformaram a geopolítica mundial, subtraindo parte do poder hegemônico da potência dominante e possibilitando a ascensão de outros países, principalmente a China, e o velho adversário situado geograficamente no Heartland, a Rússia. Aqui talvez eu exagere, pois não tive tempo de enquanto você conviveu conosco, de lhe passar um pouco dos conhecimentos históricos e geográficos de seu pai. Não era ainda o momento. Você devia curtir e aproveitar de sua infância, infelizmente tragada pelo destino. No entanto, você já acompanhava a nossa vida política e por várias vezes esteve conosco em eventos e campanhas das quais fizemos parte, ajudando alguns candidatos e candidatas de esquerda. Neste particular, minha euforia militante diminuiu, e muito devido ao impacto causado por sua morte. Nunca mais fui o mesmo, e entre altos e baixos, causados pela dor de sua partida, o olhar crítico sobre a realidade e a impotência das forças progressistas em conter as mudanças em curso na direção da perversão de uma extrema-direita odiosa, preconceituosa e criminosa, me levou a um gradativo afastamento, embora mantendo sempre minhas relações políticas e a minhas concepções progressistas e comunistas de mundo. Ainda sonho, relembrando a frase extraída do poema do Lênin, com um mundo mais justo e menos desigual. Como você sempre soube ser nossos desejos manifestados em nossas atividades políticas.

Neste dia 13 de dezembro de 2024, data de mais um ano depois de sua partida, de sua morte, ou de sua transformação em estrela, como sua mãe gosta de falar, vivemos em meio a um mundo de incertezas. Mas não podemos deixar de cumprir aquilo que a vida nos legou. Muito embora tristes, sempre, e saudosos com sua ausência, nos escoramos nos sucessos obtidos pelo seu irmão, Iago, que escala no ritmo adequado os degraus do conhecimento e já caminha para finalizar o mestrado em economia, com as portas já abertas, por sua competência para o doutorado. O que muito nos orgulha. E em cada comemoração que fazemos com ele, saiba minha filha, que você está sempre presente em nossas lembranças. Principalmente nesses momentos que podemos dizer serem felizes, em meio à tristeza por não a ter conosco.

Mas aprendi, desde quando busquei a terapia para contornar o sofrimento por sua partida, a tê-la sempre ao meu lado, ao nosso lado. Assim amenizamos um pouco a dor, a tristeza e o sofrimento por não poder tê-la presencialmente.

Ah, antes de finalizar não poderia esquecer de enfatizar, porque creio, ou pelo menos quero crer, que você acompanha, o sucesso da BORDANA, empreendimento coletivo, uma cooperativa de mulheres, criada a partir de seus desejos, e que hoje se tornou, com a força que sua mãe dedica desde o começo, um ambiente de trabalho, mas principalmente de solidariedade, resiliência e cooperação, com muito sucesso por meio da competência e dedicação de mulheres maravilhosas, a começar, naturalmente por sua mãe.

O Instituto Ana Carol está consolidado, mas a Bordana se tornou tão intensa que não dá tempo a sua mãe para tocar projetos por meio dele. Contudo, no próximo ano devo me aposentar da docência, após 30 anos lecionando na UFG, e a partir daí penso em poder assumir a condução dessa organização social, que criamos para imortalizar sua existência e poder contribuir de alguma maneira com alguma forma de transformação social em nossa comunidade.

Última foto da Carol, em
novembro de 2007. Ela estava
pronta, me aguardando para irmos
ao Quintart da Adufg.

Minha querida filha, você era tudo que eu esperava de bom na vida. Já tínhamos o Iago, e a esperança de ter uma filha alimentava meus desejos paternos. E você veio. Não tão intensa quanto seu irmão, mas com a doçura e a alegria que sempre pontuou seus anos de vida por aqui. Meu desejo se transformou em tragédia. Você se foi ainda na infância. Foi um duro golpe em nossas vidas. O tempo amenizou essa dor, embora o sofrimento por tamanha perda não desapareça, nem nunca irá desaparecer. Vamos vivendo com isso, e tendo sua presença como um norte a nos guiar, uma força inexplicável que nos acompanha e faz com que tenhamos você sempre ao nosso lado. Naturalmente, jamais será a mesma coisa que seria com a sua presença física, e o seu desenvolvimento entre a infância, a adolescência e a maturidade de ser mulher. Não pudemos acompanhar isso. Mas sonhamos. E os sonhos nos deixam em meio às tristezas, rompantes de alegrias. Não são meras ilusões, mas fantasias que criamos de ter você aqui, para sempre, em nossas vidas.

Beijos minha querida Carol. E saiba que o nosso amor por você é eterno. E isso está tatuado em meu braço, para sempre. Estará lá enquanto eu viver.


sexta-feira, 31 de maio de 2024

O TEMPO ANACRÔNICO DO ANDES – Ou, me inspirando em Saramago, “O espetáculo da cegueira”

Fiquei feliz ao ler no site A Terra é Redonda, o artigo do prof. Valter Lúcio de Oliveira, “Andes x Proifes – a disputa no sindicalismo docente”. Me identifiquei com a maior parte do escrito, embora possa discordar de alguns poucos elementos contidos na sua análise. Mas no geral, creio que ele foi bastante feliz ao identificar os problemas existentes na luta sindical, e nas questões relacionadas às disputas entre essas duas representações docentes.

O que me surpreendeu foi com a dita surpresa que seu artigo proporcionou a outro colega. Me refiro à réplica, ou algo parecido com isso, em texto produzido por Lucas Trentin Rech, “Assembleias docentes” publicado nesse mesmo site. Economista, me parece que ele lê os números ao seu bel prazer, na tentativa de dar explicação filosófica ao que na democracia se compreende como desejo da maioria real, factual, mas não necessariamente presencial. Caso contrário teríamos que abolir o sistema eleitoral pelo qual são eleitas as representações parlamentares e os gestores municipais, estaduais e federal. Ora, pois que senão após debates restritos, sem a participação popular, televisionado, segue-se a escolha, pelo voto, daqueles que irão nos representar. Como negar o direito de tantos, que não participam desses debates, à suas escolhas, feitas ao longe, mas cientes de suas responsabilidades e, acreditamos, formuladas a partir de suas próprias compreensões, no dito e no contradito.

Negando a possibilidade de plebiscito, para que se possa aferir o desejo de fato da maioria dos docentes às suas escolhas, este colega se aproxima da incongruência bolsonarista que repele a todo custo a ampliação da democracia, e nega os resultados que lhes são contrários, quando a aplicação desta aponta para uma maioria que não lhe favorece. Assim, visam destruir o objeto daquela consulta, buscando a todo o custo desacreditar desse mecanismo, inevitável para os dias atuais.

O “assembleísmo” defendido pelo professor Rech, nada mais é do que uma arena, um ringue, onde aquele que se expressa melhor, ou o que fala com mais veemência, consegue agradar um quantitativo que, mesmo minoritário, se apresenta como mais barulhento e impositivo, causando uma reação se não de indiferença, mas de apreensão, com as bravatas e comportamentos agressivos adotados para inibir e “convencer” boa parte de uma plateia que se cansa e se retira à medida em que o tempo favorece ao histrionismo dessa minoria que procura se impor pela virilidade de seus discursos.

Há muito que a Universidade perdeu essa capacidade de debater, de saber conviver com os contrários, de usar da dialética para compreender a necessidade de evoluir nos pensamentos e nas compreensões fechadas da realidade. O embate de ideias foi substituído pela negação da contradição, pela afirmação da pós-verdade, pelo emburrecimento de quem não deseja ser contraditado. Pior do que isso, as redes sociais terminam completando esses comportamentos, e por ali persiste a continuidade de um discurso que não se encerra nas assembleias, porque o contraditório precisa ser destruído, como nos últimos anos a extrema-direita soube muito bem usar desse mecanismo para destruir reputações.

E, se nas assembleias já não é possível o debate, como consequência dessa negação, nas redes sociais a virulência do discurso, a desqualificação do outro, se espalha em meio à difícil identificação dos autores das ofensas e das fake-news, que são usadas para convencer quem seja mais facilmente seduzido pela radicalidade do discurso e pela ilusão das promessas fáceis de representações fajutas e irresponsáveis. Porque sabe entrar numa peleja por essa radicalidade, mas fica encantoada e desorientada na hora de sair, pela incompetência e incapacidade de saber negociar, e buscar um entendimento no confronto de posições que são adversas e contrárias.

Esse mecanismo, e comportamento, defendido pelo professor Rech, se explica pela condição de manipular a maioria. A estrutura de funcionamento do Andes Sindicato, anacrônica, mas que favorece a uma minoria extremista, “esquerdista”, no sentido aplicado por Vladimir Lênin, embora a maioria da universidade não se afine com seus ideais, dificulta a que uma oposição consequente e desejosa de mudança consiga sucesso. Estrutura não somente nessas condições de negar uma participação maior dos colegas docentes, mas também de dificultar que numa votação direta se possa substituir esses agrupamentos que controlam uma máquina milionária.

A Andes, ou O Andes, não “representa” somente os professores e professoras do ensino superior federal. Ela abrange universidades estaduais, municipais, faculdades isoladas e fundações, que lhes servem somente nos momentos de processos eleitorais, de definição de suas diretorias. Torna-se assim, pela dimensão do quantitativo de tantas instituições, praticamente impossível mudar os rumos dessa entidade, aprofundando seu anacronismo, mas também, ao contrário do que se expressa seus defensores, um autoritarismo crescente que tenta inviabilizar, em meio a uma legítima pluralidade sindical, a possibilidade de outras alternativas, de outros caminhos, que não seja pela radicalidade do discurso ou da violência e intolerância no tratamento com as divergências.

O PROIFES surgiu exatamente do conflito desses embates e desse comportamento autoritário e esquerdista, avesso às negociações, bem presentes nas diretorias do Andes. Como nos últimos acordos, inclusive em relação à melhoria de nossas carreiras, foi a Federação que se dispôs a sentar com os governos, e buscar atingir o melhor, diante do possível, com a absoluta ausência do Andes. Isso incomodou seus seguidores a um ponto de expressar o grau de intolerância, de imposição e de não aceitação de outra entidade que possa ameaçar esse tempo anacrônico no qual ela está fechada. 

Mas todo ciclo se encerra. Por mais que a Andes tente impedir as transformações no movimento docente, cada vez mais se amplia essa possibilidade, de se forjar alternativas que fuja dessa postura sectária e autoritária, de imaginar que suas proposições devem ser, sempre, enfiadas goelas abaixo nos governos que estiverem de plantão. Claro, desde que sejam governos progressistas. Pois que, calando-se diante dos governos de extrema-direita, como em exemplo recente, em que se passaram seis anos sem que se houvesse mobilização para greves nos governos Temer e Bolsonaro.

Mais do que entrar numa negociação, o que deseja com esse comportamento andesino, é abrir uma luta que vai para além de questões salariais ou de reposição orçamentária para as universidades, mas visa construir um protagonismo radical que dê visibilidade a grupos políticos que não possuem o mínimo de representatividade na sociedade.

Distantes desses debates e dessas discussões, muitos colegas embarcam nos discursos radicais, e são convencidos de que o céu não é tão distante para os seus desejos. No entanto, como já dizia um personagem shakespeariano, numa frase muito conhecida, mas pouco compreendida, “há muito mais coisas entre o céu e a terra, do que imagina nossa vã filosofia”.

domingo, 19 de maio de 2024

BREVE COMENTÁRIO SOBRE A PROPOSTA AO MOVIMENTO DOCENTE - DITA FINAL PELO GOVERNO - PARA OS REAJUSTES SALARIAIS

Mais uma vez direciono meus comentários para os colegas professores e professoras da Universidade Federal de Goiás.

Já publiquei outros artigos aqui no meu Blog, que vocês podem acessá-los, se ainda não o fizeram, que complementam este que escrevo aqui agora, com o intuito de analisar a proposta feito pelo governo para o escalonamento de nosso reajuste, e algumas mudanças em nossa carreira docente.

Inicialmente, uma pergunta básica? Quem tem medo da democracia? Digo isso porque é impressionante a quantidade de ataques de “haters”, ofensas, palavras injuriosas e tentativas de desqualificar o nosso sindicato Adufg, bem como o Proifes-Federação. Temos anotado e copiado essas atitudes bizarras de colegas, e pessoas em geral, visto que não conseguimos identificar algumas delas, porque não se restringem a quem é da UFG. Depois que baixar a temperatura, causada pela greve, iremos ver quais providencias adotaremos, dentro daquilo que a lei nos permite.

Mas em relação ao questionamento que faço, a resposta é simples. Quem tem medo da democracia é quem não consegue conviver com o contraditório, com outras ideias e propostas que não são necessariamente as suas. A forma de se contrapor a uma opinião, para quem não consegue conviver com o debate acadêmico, ou mesmo político, é mediante o uso da agressividade, do ódio, e da intempestividade em impedir que tal proposta, ou ideia, tenha prosseguimento. No computo geral, da avaliação política, chamamos isso de “fascismo”, a tentativa de calar, pela forçar quem tenha outros argumentos que contrarie determinada pessoa propensa à intolerância, autoritária e avessa à democracia. 

Dito isso, vamos ao que importa, porque o que queremos é discutir o que está posto na mesa de negociação para resolver o impasse do nosso reajuste salarial, dentre outras coisas: A proposta apresentada pelo Governo, pela terceira vez, e após reuniões e sugestões de algumas entidades.

Primeiro é necessário ter a percepção, e a compreensão política, de alguns elementos que servem como balizamento para entendermos as dificuldades impostas por conjuntura política complexa e a própria, e imperativa, postura do governo, em não apresentar nenhum percentual para nossa categoria, neste ano de 2024. Tudo isso foi agravado com a tragédia que se abateu sobre o Rio Grande do Sul, com forte impacto econômico não somente naquele estado, mas no Produto Interno Bruto do próprio país. Dada a relevância econômica que ele possui, tanto em termos industriais, como principalmente na agricultura e na pecuária (agroindústria).

Se já havia um forte compromisso do governo com o dito “arcabouço fiscal”, e a obsessão pelo “déficit zero” (não dá pra comentar essas questões aqui), com os últimos resultados econômicos, aliados a essa catástrofe climática (que não pode ser atribuída à natureza, mas também não cabe aqui a análise socioambiental desse desastre), nos permite ter a convicção que não haverá acréscimo por parte do governo à proposta já apresentada, no que nos foi informado que esta seria a última, e será levada no dia 27 para o acerto, ou acordo, final.

Podemos apostar, insistindo em uma proposta de índices mais elevados. Claro que isso é o desejo de qualquer docente (não estou analisando a paralisação dos TAEs, mas tão somente dos docentes). Mas podemos ficar, como no dito popular, segurando na brocha, e os negociadores do governo a retirar a escada de nossos pés, nos deixando pendurados. Assim, poderíamos chegar a um impasse e ao fechamento dessa mesa de negociação, que só poderia ser aberta novamente às vésperas do que o governo considera nossa data base, o mês de maio de 2025. Ou seja, perderíamos também o reajuste proposto para 1º de janeiro de 2025. É pagar para ver.

Mas não somos irresponsáveis. Fazemos parte de um Sindicato e de uma Federação, que há muitos anos vem priorizando as negociações, entendendo que essa forma de se chegar a um acordo pressupõe que as duas partes vão gradativamente abrindo mão de suas propostas iniciais, até chegar a um possível trato final, em que cada um vai cedendo um pouco.

O que está colocado agora na mesa de negociação, para ser fechada no dia 27, não é o que queríamos inicialmente. Mas também não é a proposta inicial do governo. Este manteve o ano de 2024 sem reajuste (concedendo somente aumento nos benefícios), mas trouxe na segunda proposta uma antecipação da validade do reajuste, de maio para janeiro de 2025, acrescendo o percentual inicial de 4,5 para 9,0%. Reduziu de 4,5 para 3,5% em maio de 2026, mas isso não tem muito impacto na somatória, devido a antecipação da validade do reajuste para janeiro de 2025, quatro meses antes da proposta original (maio de 2025). 

No prosseguimento das negociações os representantes do governo aceitaram elevar os valores para as classes de entrada (o que vai beneficiar também os professores substitutos), além do aumento de 4,0% para 4,5 e 5,0%, respectivamente nos anos de 2025 e 2026, nos nossos “steps”, ou o aumento que temos automaticamente em nossos salários (preenchendo-se os requisitos, naturalmente) entre cada degrau de nossa carreira. O que impacta também na somatória final no comparativo entre como estávamos no começo deste governo, até o último ano dessa gestão (2026).

Síntese das propostas do Governo Federal, entre 2023 e 2026
Fonte: GOV.BR (2023, 2024, 2024b)
Extraído do artigo do Prof. Tadeu Arrais (ver em www.adufg.org.br)

Defendemos a aceitação dessa proposta, para evitar ficarmos sem nada e sermos forçados a negociar mais uma vez no começo do próximo ano. E não somos irresponsáveis de imaginar que um movimento grevista, aprovado somente com 5 votos de diferença, possa ter fôlego em permanecer por mais tempo. Até porque não usamos da greve como um instrumento político para confrontar governo, nem muito menos para termos algum tipo de protagonismo político. Nosso objetivo é garantir que, em meio a negociações tensas, mas que não tínhamos desde o governo Dilma, possamos chegar a um acordo que nos permita diminuir boa parte de nossas perdas salariais. Para que, em um novo governo, e já na elaboração do orçamento para 2027, possamos garantir outros reajustes, quando podemos zerar essas perdas e avançarmos para termos aumentos reais. A depender do caráter desse governo, a ser eleito. 

Até lá, deverão permanecer abertas as mesas setoriais, e a luta por recomposição orçamentária nas universidades e melhoria de trabalho, tanto para docentes como para técnicos administrativos, que travam sua luta em paralelo. Da mesma forma, uma universidade bem servida de dotação orçamentária, e de gestão democrática, nos possibilita discutir sobre onde internamente devemos investir mais. Nesse ponto, a participação estudantil é fundamental, dado a suas reivindicações serem pertinentes na defesa de melhoria das condições para que possam estudar e permanecer em uma universidade que possibilite os retornos necessários para uma formação completa, em todos os sentidos.

A luta continua, e é permanente.

(*) Acesse também o canal @ROMUCAPESSOA no YouTube: 

https://youtu.be/uYExj8BfISI

quinta-feira, 9 de maio de 2024

SOBRE A AÇÃO DE “HATERS” E AS “FAKE NEWS” NO AMBIENTE UNIVERSITÁRIO E DURANTE A GREVE DOCENTE. E O QUE HÁ POR TRÁS DA INSISTÊNCIA EM SE CRIAR UM “COMANDO” DE GREVE.

Prof. Dr. Romualdo Pessoa
Diretor Financeiro do Adufg Sindicato
Prof. Titular do IESA/UFG

Infelizmente não estamos livres dos vícios, da agressividade, do discurso de ódio e das ações maldosas que permeiam o ambiente virtual que se espalharam pelas redes sociais desde 2017. Embora sabendo que esse comportamento é milenar, mas traduzido como mentiras, principalmente em ambientes de disputas pelo poder e de guerras, foi a partir das eleições estadunidenses daquele ano que essa expressão “fake news” se popularizou, tanto em sua referência quanto na prática.

Junto a isso, e com a disseminação das redes sociais, mas levado pelo ambiente político criado pelo uso das fake news, tornou-se também comum a ação de pessoas provocadoras, que pelo discurso passaram a serem chamadas de “haters”, ou “odiadores”.

Essas duas práticas são irmãs gêmeas, no sentido de destruir reputações, infernizar a vida de algum oponente ou de alguém que expresse opinião polêmica, não aceita por segmentos políticos conservadores, ou até mesmo por quem deseja desqualificar determinadas ideias, concepções e/ou opiniões, mas que não possuem argumentos sólidos, concretos ou até mesmo que sejam coerentes. 

As “fake news” se disseminam como um raio pelas redes sociais, numa situação de difícil contestação, porque já se sabe, por estudos e pesquisas realizadas, que há uma tendência de que as pessoas se guiem mais pelas mentiras do que pelas notícias fundamentadas em fatos reais. Esse é um mal que corrói a sociedade em tempos de informações digitalizadas, da velocidade com que a informação chega nas pessoas e como ela é compartilhada milhares de vezes, sem a observância da veracidade, ou até mesmo porque algumas pessoas desejam acreditar naquilo que está lendo. Neste último caso, essa prática se denominou, também principalmente a partir de 2017, como “pós-verdade”. Ou seja, o fato de as pessoas acreditarem somente naquilo que elas desejam acreditar. Não há espaço para o contraditório.

Nos últimos anos, aqui no Brasil a partir de 2018, essa prática se disseminou na mesma velocidade com que a extrema-direita tomou corpo. Obviamente porque desde então, acentuando-se com a eleição de Jair Bolsonaro e piorando durante a pandemia, isso se transformou numa arma política e ideológica.

A mentira sempre foi uma arma utilizada estrategicamente durante os períodos de guerra. E muito já se repetiu uma frase, “numa guerra a primeira vítima é a verdade”, cujo autor provavelmente seja Ésquilo, dramaturgo grego que viveu no ano VI antes da era cristã, pelo calendário ocidental. Porque esconder a verdade, ou espalhar mentiras, sempre foi uma prática para gerar confusão, omitir como os fatos reais de fato acontecem, além de demonizar adversários gerando dúvidas nas pessoas, que terminam por acreditar na versão mais propagandeada.

Bom, se essa já era uma preocupação há mais de dois milênios, nos imaginemos numa realidade em que a informação circula o mundo em segundos. Pois é neste mundo em que vivemos. E por essa velocidade, e com seus mecanismos que possibilitam essa rapidez, que as perversões atingiram uma proporção epidêmica, no Brasil e no mundo.

Essa prática perversa, por mais incrível que isso possa parecer, tem sido utilizada por setores do movimento docente, que defendem ardorosamente a postura sectária da entidade que se diz “sindicato nacional”. Num primeiro momento isso foi feito para atacar o nosso sindicato Adufg, espalhando de forma mentirosa que o modelo de plebiscito eletrônico não era confiável. Sim, algo parecido com a insistência da extrema-direita em acusar as urnas eletrônicas de não serem confiáveis.

Não bastasse espalhar mentiras para gerar dúvidas, passaram acusar o sindicato, argumentando que o mesmo não iria conduzir o movimento caso a greve fosse aprovada. Logo em seguida, agora atuando como “haters”, passaram a replicar com virulência, comentários nas postagens do sindicato nas redes sociais, e até mesmo em um vídeo que produzi logo depois da deflagração da greve, reafirmando nossa posição que a direção do movimento grevista seria de responsabilidade da diretoria do sindicato, legitimamente eleita pela maioria dos professores e professoras, para conduzir nossas lutas.

Essa sequência de mentiras tinha, claro, um objetivo. Desqualificar o nosso sindicato, e, por extensão, atingir a nossa federação, à qual o Adufg é vinculado, por sua capacidade já comprovada de conduzir negociações vitoriosas com o governo, como foi no caso da reformulação de nossa carreira, durante o Governo Dilma Roussef. Assim, tentando enfraquecer o sindicato por meio de mentiras (ou fake news), gerando dúvidas entre professores e professoras, visavam forçar a criação de um “comando local” de greve, pelo qual a condução da greve se daria por esse “comando”, ficando a diretoria submetida às decisões “democráticas” do que eles chamam de “base”. Para nós, que conhecemos essa prática de há muito tempo, uma clara tentativa golpista de usurpar o poder da diretoria do sindicato, delegado no processo eleitoral legítimo.

Esse tal “comando local de greve” (já criado paralelamente de forma desrespeitosa, dividindo o movimento) reportaria ao “comando nacional de greve” do Andes. O que seria outro golpe, pelo fato de o Adufg-Sindicato não ser vinculado à essa organização, mas sim ao Proifes-Federação. Essa confusão, há anos é provocativamente reforçada, por um grupo de colegas que faz oposição à diretoria do Sindicato. Nas assembleias, por meio de discursos dissimulados, nos acusam de estarmos alinhados ao governo, e com confusões também propositalmente criadas nesses fóruns, com o objetivo de dispersar uma parte dos colegas presentes, a fim de poder levar a cabo suas intenções golpistas, e por meio do “comando” o que desejam seria assumir o controle das decisões a serem “obrigatoriamente” implementadas pela diretoria da Adufg, porque pretensamente teria sido decisão da “base”.

Além dessas duas questões, que envolvem Andes x Proifes, em nível nacional, e diretoria do Sindicato-Adufg x golpe de quem não aceita resultado eleitoral, há outros elementos. Aí entramos no campo do uso de uma forma de luta legítima, mas que deve ser utilizada estrategicamente no momento de impasse final de negociações: a greve. Esses nossos colegas opositores, professores e professoras, que se julgam serem eles os “verdadeiros democratas”, e assim se denominam em grupo recém-criado responsável por criar esse “comando” paralelo, e que replicam aqui essa postura e comportamento sectário do Andes, tem na greve um fim, e não um meio, dentro de um processo de negociação. Ademais, buscam inserir um número grande de reivindicações, para além das questões salariais, para que, quando a última contraproposta for apresentada e não ser aquela por eles indicada desde o primeiro momento, possam assim defender o prosseguimento da greve ad-infinitum, conforme já aconteceu em anos anteriores.

A história está aí, é só pesquisar. Quantas vezes a Andes prosseguiu teimosamente na greve mesmo em fim de negociação, sem conseguir nenhum resultado positivo para sua proposta. Porque a greve passa mais a se constituir em uma arma política para emparedar e desgastar o governo, mesmo sendo este progressista e estar disposto a atender nossas demandas, apesar de que pela conjuntura isso se dê de forma mais lenta do que desejamos.

Entre fake-news, e ação de haters, o objetivo é claro. Nos conduzir para uma greve sem fim, com o objetivo de atender a seus interesses políticos de segmentos minoritários de extrema-esquerda, que neste particular se alinha à extrema-direita na estratégia de enfraquecer o governo Lula.

De nossa parte nos interessa conseguir, por meio da mesa de negociação em curso, algum avanço positivo em relação à proposta inicial feita pelo governo. Já avançamos, mas pensamos que podemos exigir mais e que o governo pode ceder um pouco mais. Assim se negocia, e dessa forma vamos chegando a acordos mesmo que não seja o ideal, mas que seja o possível em meio às situações difíceis pelas quais passa o governo, emparedado pelo Congresso e por bancadas fortemente organizada de setores de direita e extrema direita que sequestraram um terço do orçamento, por meio das chamadas “emendas impositivas”. Mas que seja o acordo possível, dando-se as garantias de correção em nossas carreiras, mantendo-se aberta mesa de negociação especificamente para a categoria docente, assim como também tenta fazer os servidores técnicos-administrativos.

A história se faz com verdades, não se faz com mentiras. A democracia pressupõe o livre desejo da maioria, seja para entrar em uma greve, seja para sair dela. O resultado disso deve ser respeitado, como também deve ser respeitado as escolhas legítimas nas eleições sindicais, sem que se tente o tempo inteiro usurpar um poder legitimamente concedido no processo eleitoral, pela maioria dos professores e professoras. Nosso sindicato, um dos mais forte do país, em termos de estruturas e de percentual de professores e professoras sindicalizados, tanto entre ativos como entre aposentados, merece respeito. E não será por meio de golpes que conseguirão nos dobrar, nem impedir que lideremos nossa categoria e conduzamos o movimento grevista com seriedade e sem manipulações.